3º feminicídio do ano em Santa Maria

Jovem terminou relacionamento com ex-companheiro antes de ser assassinada

Foto: Arquivo pessoal
Tainara era mãe de duas crianças uma de 8 meses e outra de dois anos

Santa Maria registrou o 3º caso de feminicídio deste ano entre a noite desta quarta e a madrugada desta quinta-feira. Tainara da Silva de Aquino, 25 anos, foi morta com um tiro na cabeça na casa onde morava com seus dois filhos - um menino de 2 anos e uma menina de 8 meses - no loteamento Alto da Boa Vista, Bairro Nova Santa Marta.

De acordo com a delegada Elizabeth Shimomura, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), o principal suspeito do crime é o ex-companheiro da vítima, 24 anos. Ele é o pai dos filhos do casal, que estava junto desde 2013. Ele estava preso na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) por roubo e havia saído da casa prisional no dia 26 de abril deste ano, quando voltou a morar com Tainara e os filhos. 

Ontem, por volta das 23h30min, Tainara havia mandado uma mensagem de Whatsapp para um familiar, relatando que ela havia brigado com o ex-companheiro e o mandado ir embora de casa. Ela teria pedido ao familiar que não usasse mais aquele número pelo qual ela falava, pois seria o celular do jovem.

Foto: Renan Mattos (Diário)
Jovem morava com as crianças em uma casa na Região Oeste de Santa Maria 

Um pouco antes da meia-noite, parentes da vítima estavam passando pela casa dela e avistaram a porta da frente aberta. Eles estranharam, pois segundo o depoimento que prestaram à delegada, Tainara tinha o costume de dormir cedo. Quando entraram na residência, encontraram a jovem sem vida em cima de um colchão na sala. As duas crianças estavam dormindo no quarto e não teriam presenciado o crime. 

O suspeito fugiu e ainda não foi localizado. Os filhos estão sob cuidado da família de Tainara. 

Os familiares ouvidos pela delegada afirmaram que a convivência dos dois era marcada por constantes discussões. Ela tinha uma ocorrência de Maria da Penha registrada contra o ex-companheiro, de julho de 2015. Na época, a jovem havia sido agredida por ele e solicitou medidas protetivas, mas depois reataram o relacionamento. 

"ELA SEMPRE ALMEJOU TER UMA FAMÍLIA"
Tainara era dona de casa e mãe de dois filhos. Conforme a prima dela, Rafaela Silva de Oliveira, a jovem se dava bem com todos e sempre desejou ter uma família:

- Ela era uma pessoa bem simples, mas uma menina batalhadora. Ela sempre almejou ter uma família bem construída e muitos filhos. Ela amava as suas duas crianças - contou a prima. 

O corpo de Tainara foi encaminhado para necropsia e ainda não foi liberado. Ela deve ser velada a partir da tarde desta quinta na Sala 5 do Hospital de Caridade. O sepultamento está previsto para às 9h de sexta-feira no Cemitério Ecumênico Municipal.

EM CINCO MESES, TRÊS FEMINICÍDIOS
O assassinato de Tainara é o terceiro caso de feminicídio em Santa Maria só em 2019.

Em 4 de março, Quelen de Medeiros da Rosa, 30 anos, foi morta a facadas pelo companheiro. Conforme a delegada Elizabete Shimomura, havia registro de três ocorrências de lesão corporal por parte do companheiro contra a vítima: uma em 2003 e outras duas em 2018. Após assassinar Quelen, o homem fugiu com a filha do casal, de 2 anos, que foi encontrada no dia seguinte em uma casa de familiares. Ainda em março, o inquérito do caso foi concluído e Pedro Silva de Mello, 56 anos, foi indiciado. Ele foi encontrado escondido em uma casa no interior de Jari e preso

Menos de uma semana depois do assassinato de Quelen, Fernanda Mariâni Debus Hoffmeister, 22 anos, foi encontrada morta dentro do apartamento onde morava com o namorado, no Centro de Santa Maria. O principal suspeito é o namorado da vítima, identificado como Maurício Rodrigues da Silva, 20 anos, que cometeu suicídio em São Vicente do Sul, logo após o crime. Fernanda, que era estudante de Engenharia Química da UFSM, não tinha nenhum registro de ocorrência por violência doméstica contra o namorado.

FEMINICÍDIO É LEI
O feminicídio é a palavra que define o homicídio de mulheres quando envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher e violência doméstica e familiar. A lei, criada em março de 2015, prevê como circunstância qualificadora do crime de homicídio e inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos: a pena de homicídio simples é 6 a 20 anos de prisão, mas com a qualificadora aumenta para 12 a 30 anos de prisão. 

REDE DE ACOLHIMENTO
Denúncias de agressão podem ser feitas na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) - Rua Duque de Caxias, 1.169 (em frente à Praça Saturnino de Brito). 

  • Telefone - (55) 3222-9646 
  • Horário - Segunda a sexta-feira, das 8h30min ao meio-dia e das13h30min às18h 

A Casa do Aconchego, que acolhe mulheres vítimas de violência e seus filhos (até 14 anos) possui 410 vagas (incluindo os filhos) no total. O encaminhamento é feito pela Deam, mas o endereço não é divulgado para a proteção das vítimas

  • Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher

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